Vida e obra do Maestro Raposo (1845-1905)
LIMA, Ana Cristina Souza
GUIMARÃES, Gustavo Uchôas
Francisco Raposo Pereira de Lima, cafuzo, maestro, cantor, compositor, multi-instrumentista e professor de piano. Nasceu em Baependi, em 2 de abril de 1845, e faleceu em Santa Rita do Sapucaí há exatos 120 anos, em 27 setembro de 1905, sendo sepultado no Cemitério das Mercês, em Baependi, no dia 28.
Viveu a efervescência política na segunda metade do XIX, período marcado pelo Abolicionismo, queda da monarquia e o surgimento militarizado da República.
Com atuação musical destacada no Vale do Paraíba Fluminense, participando de diversos recitais e apresentações, tendo, inclusive, regido uma “Banda de Negros” no município de Valença-RJ, não seria ufanismo dizer que o Maestro Raposo, ou “Sabiá Mineiro”, como se tornou conhecido para além, muito além, da Mantiqueira, tenha cantado a liberdade em um Brasil marcado pela escravidão.
Sensibilizando a Princesa Isabel e o Conde D’Eu durante uma apresentação na Igreja Matriz Nossa Senhora do Montserrat de Baependi, cantando o Te Deum para as Altezas Reais, o Maestro Raposo foi convidado para musicar a Abertura da Exposição Mineira União e Indústria de Juiz de Fora, evento que contou com a presença do Imperador, passando então a convidado frequente da Capela Imperial, no Palácio de São Cristóvão. A excelência artística justificou que fosse agraciado pelo Imperador D. Pedro II com a “batuta de ouro”, a mais elevada distinção monárquica conferida aos promotores da arte e cultura brasileiras.
Maestro Raposo não pode ser mera referência de logradouro na localidade. Sua reputação o precede. Amigo de Nhá Chica, com ela protagonizando o “Milagre do Órgão”, de conformidade com o cativante relato de José Alberto Pelúcio, afamado conterrâneo, incentivou a música local, participando ativamente da “Corporação Carlos Gomes”, legando precioso acervo integrado por composições sacras e cateretês, um dos quais recentemente resgatado a partir de esmerado trabalho desenvolvido pela historiadora Maria José Turri Nicoliello em parceria com o músico Nelson Salomé de Oliveira, ambos estimados baependianos.
Referências bibliográficas:
NICOLIELLO, Maria José. O maestro Raposo e as corporações musicais. Baependi: Fundação Baependiana de Educação, Ecologia e Cultura, 1997.
PEIFER, Leonardo. Réquiem para um maestro. Jornal da UEMG, Universidade do Estado de Minas Gerais, ano III, dez/2008, p. 6-8. Disponível em: https://www.uemg.br/downloads/JORNALfinalsite.pdf Acesso em 12 dez.2025.
PELÚCIO, José Alberto. Baependi. São Paulo: Gráfica Paulista, 1942.
Evento em comemoração aos 180 anos de nascimento do Maestro Francisco Raposo:
